Cultivo de Pérolas
Histórico
O estudo da produção de pérolas artificiais
iniciou-se na Europa mas a produção estruturada só
foi realizada inicialmente no Japão na era Meiji (1868-1911),
cuja principal causa da necessidade do cultivo induzido ou artificial
deve-se a extinção ou escassez das ostras Pinctada
fucata, P. margaritifera e P. maxima na região
sul devido a extração desordenada.
Kokiti Mikimoto (1858-1954) começou
a estudar e desenvolver o cultivo de matrizes de Pinctada,
primeiramente para aumentar o número populacional (em 1888)
e depois desenvolver técnicas para a produção
de pérolas, sob orientação dos professores
Yanagui (1832-1891) e Mitsukuri Kakiti (1807-1909). Nas primeiras
experiências conseguiram obter "meias - pérolas"
ou núcleos nacarados grudados na base da concha, sem muito
valor comercial.
Com o auxílio de Tokiti Nishikawa, Otokiti
Kuwabara e Shinpei Minose, Mikimoto em 1893 obteve êxito na
produção das primeiras pérolas inteiras e esféricas
de grande valor comercial e em 1899 iniciou a industrialização
no ramo de joalheria com arranjo de pérolas e ostras, entrando
então no restrito mercado Europeu.
As pesquisas desenvolvidas por Masayo
Fujita (1885-1968) utilizando núcleos de grande porte derivado
de conchas de água doce (Unionidae) auxiliaram, no ano de
1913 os trabalhos de Mikimoto, de forma a obter maior número
de pérolas esféricas e de tamanho comerciável,
aumentando a produção em escala industrial. Em 1924
Masayo Fujita iniciou o cultivo de bivalves produtores de pérolas
de água doce com exemplares de Cristaria plicata,
Hyriopsis schlegelii e Margaritifera laevis no lago
Biwa (Biwako em japonês), atualmente é o maior produtor
deste tipo de pérolas e o lago Biwa produz cerca de 70% da
produção local.
O que é e como se forma
uma pérola?
A pérola nada mais é do que uma estrutura de origem
orgânica, fisicamente possui um núcleo e camadas nacaradas
na periferia depositada de forma concêntrica. A sua estrutura
química possui lamelas e prismas de carbonato de cálcio
(cerca de 92,6%) que causam a refração da luz, água
(em torno de 0,5 a 0,6%) e outros elementos (aproximadamente 3%)
geralmente responsáveis pela coloração da pérola,
dispostos como um sanduíche e intermediados por um material
orgânico conhecido como conchiolina (entre 2 e 3%).
A formação natural da pérola se dá quando
um sedimento ou microorganismo penetra na inserção
entre o manto e a concha, causando uma verdadeira irritação
nesta região e, como proteção, o molusco produz
uma camada nacarada que ficará em volta deste microorganismo
soldando-o na concha, estas são as chamadas "meias -
pérolas". A pérola verdadeira ou natural, baseia-se
neste mesmo princípio só que por alguma causa o sedimento,
microorganismo ou mesmo um pedaço celular da membrana penetra
dentro do músculo ou nas gônadas, no interior do corpo
do molusco começa a ocorrer a formação de uma
estrutura chamada de saco ou bolsa perolífera que envolverá
totalmente o ser invasor, a bolsa perolífera começará
então a depositar substâncias que irão se cristalizar
formando camadas sobre o microorganismo e desta forma desenvolve-se
a pérola.
A pérola artificial ou induzida é
produzida nos mesmos moldes da natural sendo porém provocada
por métodos cirúrgicos da seguinte forma:
- Através de uma abertura
milimétrica é introduzida a matriz que formará
a bolsa perolífera, que é nada menos que um pedaço
da membrana meristemática do molusco;
- Logo a seguir é colocado
o núcleo que é o pedaço de um bivalve de
água doce, gênero Lamprotula do rio Mississippi (EUA)
cortado e manufaturado de forma redonda, próxima a matriz;
- Deve-se tomar cuidado para não
machucar as víceras do molusco ou demorar em demasia no
procedimento para não matar por ressecamento a ostra;
- Após o implante as ostras
são colocadas em cestas no mar ou em tanques especiais
para recuperação por uma ou duas semanas, neste
local a temperatura deve ser superior a 13ºC com boa correnteza
mas não dinâmica excessiva que possa prejudicar a
ambientação dela;
- Finalmente as ostras são transferidas em mar aberto onde
ficarão em colunas de cestas sustentadas por jangadas ou
"marcadores" que são grandes bóias arredondadas.
Após 3 a 5 anos as pérolas são extraídas,
normalmente nos meses de Novembro a Janeiro, nos dias de frio
intenso do inverno, onde as pérolas atingem o maior grau
de beleza e brilho.
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